sexta-feira, 26 de outubro de 2007

4 histórias 4 religiões

Carla espera ansiosamente a chegada do carteiro.
Já é dia 15 de Setembro e nada. Finalmente ouve o som oco da caixa do correio a abrir e fechar e, vai espreitar.
Chegou, finalmente...
Veste-se apressadamente.
Adora esta disponibilidade permanente que o estado de desemprego lhe dá.
Mete-se no carro e segue para lá. Estaciona na garagem mesmo junto às escadas rolantes.
É hoje!
Aproxima-se a passos largos, quase correndo pelos corredores.
Eis que…chegou!
À sua frente, a loja Mangas com a última colecção.
Na sua mão, o cartão de crédito que acabara de chegar.
Entra e entrega-se despreocupadamente à escolha de roupa.
Cumprirá este ritual em mais algumas lojas…religiosamente.

Artur nunca saiu de Levil.
Aqui nasceu, estudou até a 4ª classe na escola da aldeia fechada há 3 anos por falta de crianças.
Filho de pastores, decidiu fintar o destino e ao invés do pastoreio, começou a dedicar-se aos queijos, por influência da avó materna.
Aprendeu o ofício e montou sozinho uma queijaria onde juntamente com 2 dos 5 irmãos fabricava queijo fresco.
Fornece hoje, toda a região e até vem gente das grandes cidades abastecer-se quando pernoitam no Turismo Rural da zona.
Artur nunca casou. O seu sonho era ter sido padre. Vai diariamente à missa das 7 que o padre Messias lá vai dando, enquanto pode.
Sábados e domingos, lá está Artur nas primeiras filas, na missa da manhã. Mas, o que ele mais gosta é da festa da aldeia em Maio, participa sempre na organização: organiza a procissão e tem sempre lugar cativo no transporte do andor do Senhor.
Cumprirá este ritual até ao fim da vida…religiosamente.

Vanda anda cansada.
Levanta-se cedo. Pega às 7:00 na fábrica de sapatos, para um turno até às 16h00.
Gosta deste horário porque ganha um prémio de turno. Nunca falta, para ganhar o prémio de assiduidade. Nunca se atras,a para ganhar o prémio de pontualidade.
Tem dois filhos, que só vê ao final da tarde, quando os vai buscar à sogra e depois de fazer umas horinhas numa senhora, para juntar mais algum. Martinho, o marido, também trabalha na fábrica, mas faz o turno da noite, trabalha toda a madrugada. O jantar, é o ponto de encontro da família. Jantam juntos pontualmente às oito da noite.
Aos domingos, juntam-se com a restante família na casa dos sogros. Vanda dá-se mal com a sogra, mas dá-lhe jeito a ajuda aos filhos. Faz o sacrifício do almoço de domingo sempre às 12:30… e ela que adoraria abandonar-se dominicalmente aos lençóis…mas desde sempre foi assim.
Cumprirá este ritual até ao fim da vida…religiosamente.

Vasco é atlético.
Sempre foi.
Sempre gostou de se mexer, de não estar parado…lembra-se de lhe dizerem que tinha bichos carpinteiros…e acha que tem mesmo.
Quando tem 5 minutos de tempo, dá uma volta a pé pelo quarteirão do edifício onde trabalha. Quando tem 30 minutos, equipa-se e vai correr. Se tem 1hora aproveita para ir fazer umas piscinas. Ter um ginásio perto, é condição essencial quando pensa em mudar de casa ou de emprego.
Precisa de se mexer.
Gosta do movimento.
Também é assim emocionalmente... Já casou 2 vezes e agora diz que vai namorando…é free lancer de coração.
Nunca quis ter filhos…acha que não está preparado…não conseguia parar para o embalar ou para lhe contar histórias. Mas adora ir aos sábados à tarde, buscar os 3 sobrinhos a casa da irmã e levá-los para ir correr para o parque da cidade.
Sempre, antes da classe de Tai-chi que frequenta desde que se lembra de existir…é o seu momento de introspecção, relaxamento e reflexão.
Precisa deste silêncio.
Cumprirá este ritual até ao fim da vida…religiosamente

sábado, 20 de outubro de 2007

RELIGIÃO

"A Religião pode ser definida como um conjunto de crenças relacionadas com aquilo que a humanidade considera como sobrenatural, divino e sagrado, bem como o conjunto de rituais e códigos morais que derivam dessas crenças", in wikipédia

(é só para avisar...)

...que a minha playlist está renovada

para ir ouvindo, enquanto preparo o post sobre religião conforme prometido...

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

pão com marmelada

Para aqueles que se queixam que este blog de cozinha tem pouco e que bla bla bla, "cozinhas, cozinhas mas vai tudo parar ao caixote", resolvi fazer algo diferente do que é feito na blogosfera..

acho mesmo que é inédito...

vou oferecer o lanche...

aqui vai o meu pão e a minha marmelada...

é só servirem-se!



pão integral: uma noz de fermento de padeiro, 1 caneca água morna, 1 colh sp de óleo vegetal, farinha trigo + farinha integral - compro uma maravilhosa no minipreço, q.b. até ficar uma bola de massa, 1 colh chá sal.
amassar tudo c as mãozinhas. formar bolinhas. forno 15m a 200º

marmelada: marmelos,descascados e cortados, o mesmo peso de açúcar. panela de pressão, 20m. passar tudo com varinha.deixar cozer a papa de marmelo até endurecer. passar para malgas. deixar arrefecer e secar.

AVISO

FICA AQUI A PROMESSA PARA O NÚCLEO DE LEITORES MAIS ERUDITO ´MAS QUE NÃO RESISTE A VIR LER A FUTILIDADE DO MEU BLOG: O PRÓXIMO POST SERÁ SOBRE: RELIGIÃO.

É ISSO MESMO.

O PERIGO É A MINHA PROFISSÃO.



quarta-feira, 17 de outubro de 2007

We love ricota

.
Recentemente, descobrimos um novo sabor: RICOTA.

e perguntam vcs: O Q É RICOTA?

bem, muito se podia dizer sobre a ricota... Há várias teses de mestrado e está a ser preparado um doutoramento sobre o tema, mas, resumindo em 3 palavras: queijo fresco italiano.

E, claro, se queijo já é bom, então se for fresco...hummm, melhor, agora ainda por cima, italiano...não há palavras..só mesmo provando...

deixo imagens de algumas tapas de ricota que fiz para aperitivo: ricota au poivre,
ricota al face, ricota com cebolinha, ricota benfica

bom apetite
enjoy!

domingo, 14 de outubro de 2007

Tragédia à mesa



Na minha última incursão consumista ao lidl, resolvi arriscar duas refeições no exotismo do congelado piscícula, a saber: "filetes de escamudo do alasca" e "bifes de salmão selvagem".


Se relativamente aos primeiros ainda tentei alindá-los com um enrolar de bacon para depois assá-los no forno, relativamente aos segundos, um simples grelhado na brasa com sal grosso e cebolinho, parecia-me bem...


Mas, não...


Ao invés de apresentar aos meus meninos duas refeições originais e de novos paladares, confesso que não podia ter sido pior: a côr dos peixes era estranhíssima, a textura seca e encortiçada, o sabor inexistente, as espinhas em demasia...


Ao invés de duas refeições pacíficas, a mesa transformou-se num verdadeiro campo de batalha com peixe a voar pelo ar, pratos atirados ao chão e a fúria decorrente de uma fome crescente sem uma refeição comestível à vista...
Foi o caos....


Valeu-me recorrer ao imaginário americano: recriei em minutos um verdadeiro breakfast com batatas fritas, ovos mexidos e bacon grelhado... uma delícia de gordura saturada!
Mas acompanhado de uma deliciosa salada...para tentar o equilíbrio...


Passada a tempestade, era ver-nos tal família-harmonia agarradinhos a uma tacinha de gelado de strawberry cheese-cake...

Evitou-se assim mais uma tragédia à mesa.
obrigado américa.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Aconteceu na minha rua




Manuel, 42 anos.
Chefe da estação dos correios, para onde entrou aos 19 anos como carteiro, conquistando a pulso uma carreira até chegar à chefia da estação.
Casou cedo com a sua namoradinha de sempre e vizinha – a Clarinha, que beneficiando do potencial profissional do seu Nelo, sempre se deixou ficar por casa entregando-se à labuta das tarefas doméstica e à criação dos 3 filhos do casal.
Fruto de uma apurada engenharia económica e esticando mensalmente um ordenado, conseguiram passar do inicial quarto, onde moravam na casa dos pais dele, para a compra de uma terreno ao lado e depois para a moradia com jardim, que habitam hoje. Têm dois carros - um jipe para a família e um utilitário pequeno, para as voltinhas da Clarinha.
À medida que foram melhorando o seu nível de vida, crescia também a inveja dos que vivem por perto, criticando aquela família que só por ter nascido humilde deveria manter-se humilde, entregue para sempre à miserabilidade. Há pessoas que não suportam a harmonia, a felicidade e o sucesso dos outros. Vá-se lá saber porquê… porque não ter uma atitude inteligente e tentar imitar quem faz bem de forma a evoluir para uma situação semelhante…nã…é mais fácil entregar-se à crítica do que ao trabalho…ah pois é.
Numa noite húmida de Inverno, onde o nevoeiro que sobe a rua vindo do mar, invade pegajosamente os muros das casas, deixando a rua mais parecer um espectáculo do Copperfield com aquele fumo no palco que esconde os pés, numa noite dessas, vinha Manuel tardiamente como era seu hábito, descendo a rua no seu jipe abandonado a uma velocidade estonteante com sabor a ponto morto, confiante no domínio do traçado esburacado da rua que o viu crescer, quando sentiu uma pancada forte na parte de baixo do carro. Encostou. Estava já junto à sua casa. Saiu do carro, curioso por ver “qual seria o cão que teria atropelado”- pensou. O nevoeiro era tanto que ele apalpava o chão com as solas das botas. Chegou junto do corpo. Viu uma mancha de sangue a escorrer. Chegou junto do corpo que estava imóvel e todo enroscado. Pareceu-lhe uma criança! Aflito apressou-se a desenroscá-lo. Cuidadosamente. Entretanto vizinhos alertados pela pancada começaram a aparecer na rua. Manuel não ouvia nada. Acha mesmo que deixou de ouvir, por instantes. Só via. O rosto ensaguentado que jazia nos seus braços era de Tico.
Tico era um desgraçado toxicodependente que atormentou a rua no Verão passado com assaltos a todas as casas. Foi preso meia dúzia de dias e posto em liberdade porque segundo consta nas vozes do povo – não há lugar nas prisões para todos. Nunca mais ali teria voltado até hoje. Provavelmente no calor de uma ressaca sem fim e na tentativa de uma casa incauta, estaria a deambular por ali, naquela noite de terror.
Tico não resistiu à pancada e morreu ali mesmo. A autópsia revelaria que estava inundado numa dose maciça de cocaína.
Manuel foi preso, acusado de homicídio, julgado e condenado.
Vai cumprir 10 anos por ter sido provado que “naquela noite de Fevereiro viria, como sempre, negligentemente a fazer corridas numa atitude prepotente do alto do seu jipe, tendo inclusivamente, feito pontaria ao homem que, coitado, cambaleava tiritando de frio pela noite”- foram as vozes da inveja que o viram e testemunharam. Mesmo com o manto do nevoeiro a cobrir as suas casas.
Agora sim fez-se justiça: a vida fez voltar ao seu meio de humildade quem nunca de lá devia ter saído. Ah… É a vida…dizem aliviadas as vozes da inveja.

O juiz deu como provado o “crime” e acrescentou que “o valor da vida humana é sagrado”.
Vá-se lá saber a que vida estaria a referir-se.
A estação ficou sem chefe.
Clarinha sem marido e os meninos sem pai.
Nós, o sistema, perdemos o Tico.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

SECÇÃO "Músicas que gosto por causa do meu irmão"




enjoy...

miss eva cassidy em campos de ouro

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

o acesso público



ouvi dizer que o meu blog está ALTAMENTE cotado na bolsa de acções dos blogs...
fiquei toda orgulhosa e pensei..."porque haverá pessoas que vêm espreitar o meu pensamento? "


é que isto dos blogs, é como virem abrir a nossa gaveta, quando a deixamos

propositadamente entreaberta, com uma nota de 20 euros de fora e um recado: não abrir.

mas é giro... podermos especular sobre o que nos vai na real gana sabendo que por mais
despropositado, haverá sempre quem venha ler...mesmo que esteja a 7.000 km- não é "miss lua"?


é também engraçado verificar que aqueles que estão mesmo juntinho também gostam de nos vir ouvir, ao serão.

é como vir ao café.

e pronto vou andando pq tenho um cocktail no consulado da bélgica...
amanhã conto como foi.
se valer o esforço :)...